Em 2015 tive a incrível oportunidade de vivenciar um Intercâmbio único, com um destino incrível: China!
Desvendar os mistérios da gastronomia milenar chinesa era uma possibilidade que me levava ao êxtase, enquanto profissional da área e também como estudante que cresceu vendo nos livros de história o quanto a China influenciou o comércio de especiarias ao redor do mundo e no quanto essa cultura tão rica tem a nos ensinar.
A jornada rumo à China aconteceu em julho de 2015 e a duração do intercâmbio era de 3 semanas. Partimos de Fortaleza para São Paulo, São Paulo para Dubai, Dubai para Shangai que totalizaram umas 30 horas de voo.
Era minha primeira viagem internacional, nunca tinha experienciado ficar tanto tempo nas nuvens e muito menos tinha ideia de que iria viajar no maior avião de passageiros do mundo: o A380 da Emirates.
Toda a experiência era grandiosa.
Ao desembarcar em solo oriental as primeiras impressões, além do fuso horário de 11h de diferença, foram únicas: não é possível falar inglês com qualquer pessoa e em qualquer lugar, pois em maioria, geralmente só os universitários falam inglês.
As placas de sinalização e qualquer outra coisa escrita estavam, obviamente, em Mandarim, mas com os ideogramas… não tinha letras cursivas para tentarmos adivinhar o que seria fazendo uma possível e imaginária tradução. Eram apenas ideogramas e a sensação de “Não posso me perder aqui!”.
Mas apesar desse medo inicial, era incrível observar os hábitos e costumes de uma cultura completamente diferente da nossa.
O intuito da minha participação como aluna do Curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará, foi observar os costumes e hábitos alimentares da comida de rua chinesa, nas cidades de Xangai e Pequim.
Além de buscar conhecimento acerca da língua falada (Mandarim) através de aulas oferecidas pela Peking University (Universidade de Pequim), o principal interesse foi entender os hábitos diários de alimentação dos chineses e sua hospitalidade quanto aos estrangeiros.
Por meio de observação e vivência foi possível perceber que os chineses recebem muito bem os estrangeiros e sempre tentam o ajudar de todas as formas possíveis, fazendo com que se sintam sempre confortáveis e amparados, apesar da grande barreira linguística.
Em termos de hospitalidade o povo chinês tem completo domínio em receber turistas do mundo inteiro, pois conseguem nos deixar confortáveis e sempre demonstram com fervor a vontade de ajudar, o povo chinês é cativante. Quanto à comida foi possível observar que os hábitos alimentares são infinitamente distintos aos hábitos alimentares ocidentais, tanto em relação ao sabor quanto aos modos de preparo e também pela diferença de insumos e temperos utilizados em suas refeições.
Tive o imenso prazer provar uma comida completamente diferente da ocidental e super rica em sabores como o famoso Pato de Pequim e outras mais como o “Baozi” que eram os pãezinhos cozidos e recheados que sempre estavam presentes no Café da Manhã, além dos “noodles” macarrão fresco e feito de forma mágica diante dos nossos olhos, que quando cozido em caldo rico de sabores era uma festa para o paladar.
Muitas vezes cheguei a comparar o café da manhã chinês como um “pequeno almoço”, que é bem como os Portugueses chamam o café da manhã.
E não poderia esquecer de mencionar que talheres só existem em hotéis ou locais que recebem ocidentais, pois em todo o resto, realmente só comemos de hashis/palitinhos e foi um constante exercício de equilíbrio e muitas vezes paciência para não comer logo com as mãos como uma criança.
As primeiras tentativas de comer na rua nos renderam muitas risadas e momentos marcantes.
Mas ainda havia aqueles colegas brasileiros que não conseguiam se adaptar à diferente variedade de comidas com cheiro e sabor diferente e se rendiam aos “fast foods” como McDonald’s, Burger King e KFC.
Como boa viajante que sou, arrisquei sair para comer sozinha sem entender nada do que estava escrito e então só apontar e rezar para que viesse um prato do meu agrado, e veio: uma deliciosa coxa de Pato cozida com macarrão chinês em um caldo delicioso com aroma de canela e especiarias.
Arrisquei, inclusive, comer Estrela do Mar frita e claro, o famoso Escorpião frito que tinha um sabor bem afetivo: igualzinho a torresmo! Uma maravilha, mas que somente os turistas comem e os próprios chineses nos olham com cara de nojo quando estamos nos aventurando.
Apesar da população chinesa ser super magra, se alimentar muito bem com legumes, caldos ricos e macarrão fresco, havia espaço também para as gordices e uma delas em especial me cativou: o Guanbing 灌饼.
É uma espécie de massa semi-folhada frita e que você escolhe o recheio. Escolhi recheio de pato, que é a ave mais comum e apreciada pelos chineses. Era delicioso, farto e super barato (5 yuan = R$2,70).
Como Gastrônoma em formação e Confeiteira por amor e profissão a 4 anos na época, não poderia deixar de provar os doces chineses e minha opinião quanto à isso foi unânime: não tem sabor doce, açúcar em mínimas quantidades e a maioria das vezes os recheios dos doces eram de feijão doce.
Como boa brasileira e nordestina que sou, amo feijão, mas nos doces…melhor não! kkkk Foi então super importante para mim perceber o quanto à nossa culinária e confeitaria brasileira são ricas em sabores, texturas e doçura.
Imagino que a esse ponto você deve estar se perguntando: qual a melhor coisa da China, então? São os chineses, sem dúvida! Sempre de alto astral, sempre prestativos (mesmo com a barreira da língua, já que eles não falam inglês).
Se você pergunta a um Chinês onde fica um determinado lugar ele não aponta ou ensina o caminho, ele simplesmente te leva até lá, mesmo não sendo o caminho dele.
A China me conquistou! ❤️ 我爱中国
Espero que você tenha viajado um pouco comigo nesse relato. Para saber mais sobre minha história na Gastronomia/Confeitaria e sobre minhas viagens, conto mais lá no meu Instagram: @elbacunhachef
Beijo grande e até a próxima aventura gastronômica!